Arcebispo Emérito de Belém completa 61 anos de vida sacerdotal
ARQUIDIOCESE DE BELÉM BISPO NOTÍCIAS Notícias PastoraisLogo mais as 18h, será realizado na Basílica Santuário a celebração eucarística pelo seu aniversário de vida sacerdotal. Desejamos a Dom Vicente Zico, muitos e muitos anos de Vida Sacerdotal, e que Deus e Nossa Senhora de Nazaré continue abençoando este santo homem.
Arcebispo de Belém é um dos palestrantes da JMJ
BISPODom Alberto ficará em Madri de 13 a 22.
Com o tema "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (São Paulo), a JMJ contará, a cada dia, com bispos do mundo inteiro para as catequeses. Estas acontecerão dias 17, 19 e 20 às 10h.
Medo de Deus?
BISPODom Alberto Taveira Corrêa
ARCEBISPO METROPOLITANO DE BELÉM DO PARÁ
"Pai, chegou a hora. Glorifica teu filho, para que Teu Filho te glorifique, assim como deste a ele poder sobre todos, a fim de que dê vida eterna a todos os que lhe deste. Esta é a vida eterna: que conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que enviaste" (jo 17, 1-3).
"Qual é o teu nome? - Moisés! O que pedes à igreja de Deus? - a fé! E esta fé, o que te dará? - A vida eterna!" Assim começou a celebração eucarística em que um jovem estudante de vinte e um anos recebeu o batismo, a crisma e a primeira eucaristia. São os sacramentos da iniciação cristã. Na mesma ocasião, seu irmão Henrique foi crismado. A assembleia litúrgica era composta de adultos, jovens e uma centena de crianças, que participavam do festival das crianças promovido pela comunidade sementes do verbo em Icoaraci, nesta nossa arquidiocese de Belém. O sorriso e a firmeza com que ouvi essas respostas iniciais do rito que presidi com alegria me fizeram refletir sobre o nosso contato e o nosso trato com Deus.
O candidato à iniciação cristã ouviu a palavra de Deus e, antes do batismo, renunciou ao pecado, à divisão e ao demônio. Mergulhado na piscina batismal, dali saiu homem novo, foi ungido com o dom do Espírito Santo e admitido pela primeira vez à ceia eucarística. O sorriso continuava resplandecente, como, aliás, posso testemunhar nas muitas semelhantes celebrações a que presidi. Não havia tristeza, constrangimento, receio ou medo de Deus.
Quem pede o batismo não o faz para que alguém controle a sua vida, cerceando seus impulsos em busca de liberdade. Não, querer ser e viver como cristão eleva a alma humana, faz ser melhor e ser mais livres! Não somos, diante de pessoas que tenham outras convicções, homens e mulheres complexados, como se o pensar e o viver mundano fossem melhores. Não há nada mais digno na existência do que fazer a oblação livre da própria liberdade diante de Deus. Vale recordar a palavra de Jesus: "se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (jo 8, 31-32).
A escritura reflete o aprendizado de muitas gerações no contato com Deus, superando o medo diante da presença sagrada, que atrai e provoca muitas vezes estupor. Moisés na montanha sagrada iniciou seu caminho de intimidade com Deus. Mas começou tirando as sandálias numa terra santa, deu desculpas quando chamado à missão, enfrentou e superou as próprias inseguranças. Foi testemunha de grandes sinais e prodígios. No final, ficou o relacionamento pessoal: "o Senhor falava com Moisés face a face, como alguém que fala com seu amigo" (ex 33,11). À morte, registra o livro do Deuteronômio: "nunca mais surgiu em Israel profeta semelhante a Moisés, com quem o senhor tratasse face a face, nem quanto aos sinais e prodígios que o Senhor o mandou fazer no Egito, contra o faraó, seus servidores e o país inteiro, nem quanto à mão poderosa e a tantos e tão terríveis prodígios que Moisés fez à vista de todo o Israel" (dt 34, 10-12).
Elias, cujo ministério representa todo o profetismo do antigo testamento, também passou pelo aprendizado do contato com Deus. Vento impetuoso, terremoto, fogo, brisa suave. É diante da brisa leve que ele cobre o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta (cf. i rs 19,9.11-13). Deus não é encontrado na agitação interior ou exterior, mas quer ouvir e ser ouvido!
Os discípulos de Jesus (mt 14, 22-33) escutaram do Senhor palavras consoladoras: "Coragem! Sou eu! Não tenhas medo!" e Pedro, tão parecido conosco, é chamado fraco na fé para se tornar rocha! Aprendeu a viver e deu sua vida por Jesus.
Nossa história é parecida com as aventuras dos heróis da fé. Não nascemos heróis, mas podemos, com a graça de Deus, vencer as sombras interiores que nos apavoram. Não custa acender a luz! E a palavra de Deus é luz para o nosso caminho! E muitas pessoas, ao nosso redor, estão suplicando que sejamos, iluminados por aquele que é luz do mundo, quais luzeiros que transformam em dia claro as sendas que percorrem.
Fonte: Conversa com meu povo
‘Populorum Progressio’ em Belém: Entrevista com Dom Alberto Taveira Corrêa
ARQUIDIOCESE DE BELÉM BISPO NOTÍCIASBelém, 19 jul (RV) - A arquidiocese de Belém, no Pará, hospeda a partir de hoje a reunião anual do Conselho de Administração da Fundação Populorum Progressio, dependente do Pontifício Conselho Cor Unum.
O evento se prolonga até dia 22 de julho, e será aberto na nova Catedral de Castanhal, com uma celebração eucarística presidida pelo bispo, Dom Carlo Verzeletti.
Anualmente, os membros do Conselho, entre eles o presidente do Cor Unum, Cardeal Robert Sarah, são convocados para aprovar o financiamento de projetos que contemplam comunidades indígenas, mestiças, afro-americanas e camponesas da América Latina e do Caribe.
As iniciativas são voltadas para a produção (agropecuária, artesanato e de microempresas), infra-estrutura comunitária, educação, saúde e construção civil.
Membro da Fundação e anfitrião do encontro, Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém (PA) fala aos ouvintes da RV sobre suas expectativas. Ouça a entrevista concedida a Cristiane Murray Clique Aqui!
(CM)
fonte: Rádio Vaticano
Paciência de Deus
BISPODom Alberto Taveira Corrêa
ARCEBISPO METROPOLITANO DE BELÉM DO PARÁ
A pressa é inimiga da perfeição! A frase é aplicada com freqüência, especialmente quando se trata de defender nossas demoras pessoais, quem sabe marcadas pela falta de prontidão e presteza para servir e fazer o bem. Muito mais difícil é entendê-la quando se trata da ação de Deus no mundo. Consideramos muito lentas suas intervenções. Pode até existir gente que gostaria de ver um fogo descendo do céu para assustar as atuais gerações, tão carregadas de maldades, revoltas, desvios de conduta, pecados. Só que ganhar o jogo da história no grito não é próprio de Deus. Ele criou o mundo, mas nos deu o precioso e arriscado dom da liberdade, com o qual haveremos de administrar nossa maravilhosa aventura neste mundo ainda que muitas vezes ela se parece com um brinquedo novo que nós, crianças crescidas, não sabemos usar.
A Sabedoria de Jesus, e Ele mesmo é "sabedoria de Deus" (1 Cor 1, 24), nos conduz a refletir sobre os rumos da história humana, com seus eventuais tropeços. Deus criou tudo para o bem, mas sabe que nem tudo o que cresce, com a pregação do Reino, é trigo limpo (Mt 13, 24-43). Haverá, sim, o dia da justiça, mas, até lá, é dada sempre uma oportunidade a tudo o que cresce ao lado do bem. O mal existe e é real, não nos enganemos e nem queiramos pintar com belas cores o que existe de errado, forjando e forçando as consciências. Ele existe em torno de cada um de nós e dentro de nós. A linha divisória entre o bem e o mal passa dentro de nossos corações. Sabendo da existência do mal, o importante é escapar de seu poder, lutando para manter a verdade e o bem dentro de cada pessoa humana e ao seu redor.
"O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai".
A bondade, como o trigo da parábola contada por Jesus, é destinada a permanecer por toda a eternidade. No tempo que corre, o destino do bem é conviver com o mal sem converter-se no mal. A paciência de Deus é escola para todos os homens e mulheres que professam a fé. Alguns passos podem ser dados, com a luz do Evangelho.
A primeira atitude é olhar para dentro e reconhecer que muitas vezes praticamos o mal e compactuamos com o mal. Nossos pecados não são somente de fraqueza, mas muitas vezes somos até sórdidos ao tramar a maldade. Ao reconhecimento se siga a confiança na misericórdia de Deus. "Perdão é feito pra gente pedir", já cantava um samba de Ataulfo Alves e Mário Lago em 1944. Pecado reconhecido e confessado, pecado absolvido, pecado superado. Vida nova, coragem, vigilância na oração.
Olhar com misericórdia as pessoas que erram, levantar os caídos, oferecer o perdão e reconhecer a chama que ainda fumega naqueles que são frágeis. É o segundo capítulo da aventura do perdão. E se as aproximarmos de Deus será a perfeita alegria, para que experimentem um perdão infinito, muito mais eficaz do que as eventuais ajudas humanas. Deus leva a sério o pecador, pois ele o quer reconciliado e reintegrado em sua amizade.
Se o mundo pode ser melhor em torno a nós, outro passo será a contribuição para restaurar o tecido social. Aqui se joga com o terrível mal da omissão e da indiferença, cuja superação está nas mãos da atual geração. O ambiente de trabalho é desafio para o cristão, que não pode fugir de sua responsabilidade. Os locais mais desafiadores, como as Universidades, os Parlamentos, os Organismos de Classe, as Repartições públicas, precisam de homens e mulheres que se disponham a dar o primeiro passo, mesmo considerado pequeno. Trata-se do mistério do fermento, da semente, do sal e da luz (Cf. Mt 13, 31-33). Imagens fortes do Evangelho, cuja mensagem nos converte em agentes corajosos, prontos a dar o primeiro passo, para que o mundo seja diferente.
Mas certamente deveremos ainda e até o fim dos tempos conviver com o joio presente no mundo. Para aprender da paciência de Deus, vale acolher as palavras do Livro da Sabedoria: "Dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande consideração: pois quando quiseres, está ao teu alcance fazer uso do teu poder. Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores" (Sb12, 18-19) .
Fonte: Conversa com meu povo