O comentário à Palavra

abril 10, 2011

Na semana passada, forneci ao leitor-internauta o endereço de um site que distribui, gratuitamente, em dez idiomas, o Evangelho do dia. O site é www.evangelhoquotidiano.org e, junto com o texto sagrado, vem um comentário. Julguei oportuno, esta semana, publicar um exemplo daquilo que anunciei, a fim de que, quem não tem internet, possa ter a dimensão da beleza de um serviço gratuito, que ajuda a divulgar a Palavra do Senhor.

O Evangelho que vamos ler, neste domingo, fala da atitude de Jesus, diante da morte de seu querido amigo Lázaro. O texto sagrado é apresentado por São João e o comentário que o site oferece vem assinado por São Pedro Crisólogo (406 ?-450), bispo de Ravena, Doutor da Igreja. Ele foi publicado na obra Sermão 64, PL 52, 379 (a partir da trad. da col. Ichtus, vol. 12, p. 279 rev.), com o título "Então Jesus começou a chorar". Este é comentário:

"Ao ver Maria chorar, e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-Se". Maria chora, choram os judeus, o próprio Cristo chora. Crês tu que sentem todos a mesma tristeza? Maria, irmã do morto, chora porque não pôde conservar o seu irmão nem afastar a morte; por mais que estivesse convencida da ressurreição, a perda do seu único amparo e a ideia da sua cruel ausência, mais a tristeza da separação inevitável, fazem-na desfazer-se em lágrimas que ela não consegue suster. Por muito grande que seja a nossa fé, a implacável ideia da morte não pode deixar de tocar-nos e transtornar-nos; por isso, choravam também os judeus, porque se lembravam da sua condição mortal e desesperavam da eternidade. Nenhum mortal pode deixar de chorar perante a morte.

Mas qual destas tristezas foi a de Cristo? Nenhuma? Então porque chora Ele, que dissera: "Lázaro morreu, [...] e Eu estou contente"? E eis que derrama lágrimas como os mortais Aquele que, ao mesmo tempo, derrama sobre eles uma vez mais o Espírito que dá a vida! Assim é o homem, irmãos, que tanto sob o efeito da alegria, como da tristeza, desata em lágrimas. Cristo não chorou por causa da desolação da morte, mas por causa da lembrança da alegria, Ele a cuja palavra, à Sua palavra, ressuscitarão os mortos para a vida eterna (Jo 12, 48). Como podia Cristo chorar por fraqueza humana, quando o Pai que está nos céus chora o filho pródigo, não quando ele sai de casa, mas quando regressa (Lc 15, 20)? É por isso que Ele permite que Lázaro morra, para que, ao ressuscitá-lo, se manifeste a Sua glória; permitiu que o Seu amigo descesse à mansão dos mortos para que Deus aparecesse e o resgatasse dos infernos. 

João Carlos Pereira, jcparis@orm.com.br

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