Estamos vivendo mais um dia santo do Natal. No Evangelho da missa do dia de Natal(Jo 1,1-18), João celebra o encontro de Deus com a humanidade: é preciso que aconteça também o encontro dos homens entre si. Duas idéias devem estar presentes em nossa mente: a identidade da criança e seu significado.
Aprendemos o ideal de solidariedade por meio do ato de Deus em seu Filho, Jesus de Nazaré. Ele assume a natureza humana em toda a sua realidade. Deus fez-se homem e montou entre nós sua tenda. Ele se encarnou, ou seja, quis ser humano com nós, quis sentir as mesmas dificuldades e vivenciar problemas idênticos aos nossos.
Que bom seria se o espírito natalino tomasse conta de todos os dias da vida. Viveríamos continuamente agradecidos, pois o Natal – início de nossa redenção – é o ponto alto da comunicação amorosa de nosso Deus. No Evangelho, João traz boas notícias: o nosso Deus vem para reinar, para fazer estremecer de júbilo as ruinas de Jerusalém e as nossas ruinas; na pessoa do Filho – Palavra encarnada que armou sua tenda no meio de nós – Deus nos fala e nos contempla face a face, e nós podemos contemplá-lo como um de nós. A Eucaristia coroa a celebração e nela somos gratos ao Pai, pois, na Palavra feita gente, recebemos o poder de nos tornarmos filhos de Deus, nós que acolhemos Jesus e acreditamos em seu nome.
No passado, a glória de Deus se escondia e se revelava num a nuvem, no fogo etc., assustando, às vezes, mais que atraindo. Agora, porém, a glória de Deus está presente no humano Jesus. Ele é a manifestação da glória divina. O Deus da Aliança, no Antigo Testamento, se apresentava com duas características de aliado: amor e fidelidade. Agora, porém, o amor fiel é a Palavra que se encarnou.
Jesus, plenitude do amor e da revelação de Deus, é portador de novidade absoluta “porque, de sua plenitude, todos nós recebemos um amor que corresponde ao amor de Deus”. Que amor é esse? É o amor que dá a vida. Ele amou até as últimas consequências. Corresponder ao seu amor é fazer o que Ele fez: amar sem limites.
Quem deseja conhecer e encontrar o Deus invisível tem agora o panorama desvendado: Ele se tornou visível na Palavra encarnada. Vê-la é ver o Pai. Que o seu Natal seja realmente encontro com Deus Menino que, no seu desprendimento e na sua doação, nos ensina a fraternidade, a solidariedade, a partilha e a santidade. Que o espírito simples e celestial da manjedoura nos ajude a viver mais radicalmente o seguimento do Deus Conosco que nasceu para nos salvar.
Feliz Natal!
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
fonte: CNBB
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