Hoje a Igreja celebra o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, neste post iremos conhecer um pouco sobre este dogma.
01. O que é um dogma?
É uma verdade da fé, revelada por Deus e proposta pela Igreja, através do Magistério. O Magistério é formado pelo papa e pelos bispos em comunhão com ele. O termo “dogma” vem do grego e significa “crer”, o termo “magistério” também deriva do grego, e significa “ensinar”.
02. Cabe ao Magistério da Igreja, e somente a ele, definir os dogmas?
Sim. Diz o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica: “Cabe ao Magistério, que ao servir a Palavra de Deus goza do carisma certo da verdade, definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas na Revelação divina” (n. 16).
03. Os dogmas são novas revelações?
Não. Os dogmas são verdades já contidas na Revelação de Deus à humanidade, e presentes na Sagrada escritura e na Tradição. O Filho é a Revelação máxima de Deus; nela a Santíssima Trindade revelou-se ao máximo. Se não conseguimos compreender mais sobre Deus não é por que ele se escondeu, e sim por que nós, limitados e pecadores, colocamos barreiras às suas manifestações. O termo “revelar” vem do grego e significa “tirar o véu”, “mostrar”, “apresentar”.
04. A Igreja tem o poder de criar dogmas?
Não. A Igreja está a serviço de Deus, e não o contrário. Assim, ela não pode ensinar a não ser aquilo que Deus revelou. Ao definir um dogma, ela, assistida pelo Espírito Santo, propõe uma verdade que vem de Deus, e não dela.
05. Um dogma é uma verdade pronta e acabada?
Não. O dogma, mesmo sendo uma verdade da fé a respeito da qual não existe erro, pode e deve ser aprofundado. Um exemplo: é dogma definido pela Igreja que Jesus Cristo fez-se homem sem deixar de ser Deus. Essa verdade é indiscutível, porque proposta pelo Magistério. Um dogma é como um poço que, aberto uma vez, não se fecha mais, mas que vai sendo cavado e aprofundado por todos os batizados, especialmente pelos teólogos. Para tanto é essencial que haja comunhão entre os membros da Igreja, e que essa comunhão tenha por centro o papa, sucessor de Pedro, e que a ele estejam unidos os bispos, sucessores dos demais apóstolos.
06. Quantos dogmas existem sobre Maria, a Mãe de Jesus?
Quatro. São eles: 1º) O dogma da maternidade divina (Maria é Mãe de Jesus. Sendo que Jesus é Deus, ela é Mãe de Deus); 2º) O dogma da virgindade de Maria (Para gerar Jesus, Maria não teve relação sexual com José. Sendo virgem antes da concepção e do nascimento de Jesus, continuou virgem, pela graça de Deus, também após conceber o Filho de Deus); 3º) O dogma da Imaculada Conceição (Maria foi preservada do pecado original, isto é nasceu sem pecado) e 4º) O dogma da assunção de Maria ao céu, em corpo e alma (Maria é elevada para junto de Deus).
07. No que consiste o dogma da Imaculada Conceição?
Assim explica o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica: “Deus escolheu gratuitamente Maria desde toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu Filho: para realizar essa missão, foi concebida imaculada. Isso significa que, por graça de Deus e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Maria foi preservada do pecado original desde sua concepção” (n. 96).
08. Maria nasceu e viveu sem pecado?
Sim. Maria, tendo sido concebida (por Joaquim e Ana, seus pais) sem pecado, nasceu “imaculada”, isto é, “pura”, sem pecado, e assim permaneceu ao longo de toda a sua vida.
09. Podemos afirmar, nesse caso, que Maria é quase uma deusa?
Não. Maria é criatura de Deus, como nós. Só Deus é Criador, nele está a origem e o sentido da nossa existência, inclusive a de Maria. Sem Deus, Maria não seria o que foi! Se ela é Imaculada, é por que Deus a fez assim. Ela é a “cheia de graça”, não por seus méritos, mas porque Deus gratuitamente a livrou do pecado.
10. Se Deus fez com que Maria fosse concebida sem pecado, por que não faz o mesmo conosco?
Porque o Filho é um só; ele precisava de uma mãe para fazer-se um de nós. É em razão da encarnação do Filho que Maria é preparada pelo Espírito Santo. Essa graça coube a uma única mulher: Maria.
11. Não tendo cometido pecado, Maria também não teve as limitações próprias dos seres humanos?
Sim, teve. Ela não pecou, porém tanto experimentou as limitações próprias das criaturas como também aquelas que são conseqüências dos pecados cometidos pela humanidade.
12. Maria teve dificuldades como nós temos?
Sim. Ela teve as dificuldades, as tarefas e inclusive os sofrimentos das mulheres de seu tempo. Para ela a vida não foi fácil, conforme contam os evangelistas. O fato de ter nascido sem pecado e de não pecar, não a livrou de enfrentar a vida com os seus muitos desafios. Em seu caso, os desafios foram ainda maiores porque ele teve que fazer a terrível experiência dever o seu filho, mesmo inocente e só tendo feito o bem, ser preso, condenado e executado como um criminoso.
13. Tendo nascido sem o pecado original, e não tendo pecado durante a vida, Maria não deveria ser adorada em lugar de venerada?
Não. Porque Maria é criatura, e nenhuma criatura pode ser adorada, por mais especial e espetacular que seja. Só Deus pode ser adorado, porque só ele é Criador! Maria é venerada, ou seja, é admirada e reconhecida pelas suas virtudes, é nossa intercessora junto de Deus, e é para nós modelo de seguimento a Jesus, ela que foi a sua primeira discípula.
14. Onde, no Novo Testamento, se encontram passagens que fazem referência a Maria?
Maria é citada por Mateus, Marcos, Lucas e João nos seguintes textos: Mateus: 1,16 (genealogia de Jesus); 1,18-25 (nascimento de Jesus); 2,1-12 (adoração dos magos); 2,13-23 (fuga para o Egito), 13,55 (Jesus é apontado como filho de Maria); Marcos: 3,31 (Maria e seus parentes procuram Jesus); 6,3 (Maria é identificada como Mãe de Jesus); Lucas: 1,26-38 (anunciação do nascimento de Jesus); 1,39-56 (Maria visita Isabel, sua prima, e proclama um hino de louvor a Deus); 2,1-21 (nascimento de Jesus); 2,22-40 (José e Maria apresentam Jesus no templo); 2,41-52 (Maria e José procuram Jesus em Jerusalém e o encontram debatendo com os doutores); 8,19-21 (Maria e seus parentes procuram Jesus); At 1,14 (Maria, no cenáculo, reza com os discípulos, a espera do Espírito Santo), João: 2,1-12 (Jesus, Maria e os discípulos participam de uma festa de casamento, em Canaã); 19,25-27 (Jesus confia sua mãe aos cuidados de João).
15. Sendo Maria a Mãe de Jesus, não teria que ser lembrada mais vezes pelos evangelistas?
Não, pelos seguintes motivos: 1º) A atenção deles estava totalmente voltada para Jesus; é a respeito dela que eles querem escrever; 2º) Maria, como as demais mulheres de seu tempo, era considerada menos importante do que os homens e, por isso mesmo, se prestava e se dava menos atenção a elas e, 3º) Foi com o tempo que os cristãos entenderam a importância de Maria. Quanto mais eles se tornavam discípulos de Jesus, tanto mais descobriam a pessoa, a vocação, a missão e a vida de Maria. Nos primeiro séculos da era cristã, Maria foi tão cultuada como é hoje.
16. Podemos afirmar que Maria é o centro da história da salvação?
Não. O centro da história da salvação é Jesus Cristo, o Filho encarnado, segunda pessoa da Santíssima Trindade. Só ele é o Salvador. Maria, por sua vocação e missão, está no centro, mas não é o centro; este pertence exclusivamente a Jesus.
17. O que distingue Maria dos demais santos e santas?
O fato dela, e somente ela, ser a Mãe de Jesus. Nenhuma outra santa teve a honra que ela teve. Só ela carregou em seu ventre o Salvador da humanidade.
18. É correto afirmar que Maria nos precedeu junto a Deus?
Sim. Dentre as criaturas, apenas Maria foi elevada de corpo e alma para o céu. Nós também estaremos com Deus e com ela, quando acontecer o juízo final, ocasião em que o nosso corpo (glorioso) se juntará à nossa alma, e vivermos para sempre no amor. Então “não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor” (Ap 21,4), por que estaremos todos na glória eterna.
19. Maria morreu?
Provavelmente sim. A sagrada Escritura e a tradição nada dizem a respeito do assunto. O catecismo da Igreja Católica diz que “a Imaculada Virgem, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste” (n. 966). Pressupõe-se que a expressão “terminado o curso da vida terrestre” corresponda a “tendo morrido...” . E mais: se Jesus, o Filho e Salvador, morreu, por que Maria também não morreria? Não há, contudo, nenhum registro histórico de onde, quando e como Maria morreu.
20. Que importância e lugar teve o Espírito Santo na vida de Maria?
Uma importância e um lugar muito especial. Foi o Espírito quem a preparou para ser a mãe do Salvador (cf. Lc 1,35). Se o Espírito Santo não estivesse nela e com ela, Maria não teria tido o privilegio, a ousadia e a perseverança de dizer “sim” a Deus até o fim de sua vida.
21. Nós, católicos, não corremos o risco de exagerar na nossa devoção a Maria?
Sim, mas apenas se entendermos que Maria é tão ou mais importante do que Jesus. Quanto mais a catequese familiar e comunitária for levada a sério, tanto mais nós amaremos e veneraremos Maria, imitando-a no seguimento de Jesus, e sem colocá-la no lugar mais alto da história da salvação, lugar este que pertence ao Filho e a mais ninguém. Não devemos ter medo de amar e de demonstrar o nosso amor a Maria. Afinal ela, criatura como nós, foi plenificada por Deus de graças. Nós a veneramos porque, sendo como nós, ela é “bem-aventurada”, e nos convida a amar Jesus como ela amou.
22. Quando a Igreja definiu o dogma da Imaculada Conceição?
Foi no dia oito de dezembro de 1854, sendo papa Pio XI. Antes da proclamação do dogma, os católicos já veneravam como a única mulher nascida sem o pecado original. Quando Pio XI a proclamou Imaculada o povo festejou com alegria aquilo que, pela fé, já acolhera e aceitara. Todos os anos, no dia oito de dezembro, a igreja celebra a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Este dia foi declarado pela Igreja como “dia santo de guarda”. (Os outros são o Natal, o dia de Corpus Christi e o de Santa Maria Mãe de Deus, respectivamente 25 de dezembro, quinta feira após o domingo da Santíssima Trindade e 1º de Janeiro).
23. Qual a melhor forma de festejarmos a Imaculada Conceição de Nossa Senhora?
É, com certeza, ouvindo e obedecendo ao que ela disse aos serventes na festa em Canaã da Galiléia: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Quanto mais formos discípulos e discípulas de Jesus, tanto mais seremos parecidos com Maria. A festejemos com alegria, com muita música e cantos, com muita devoção, sem porém jamais esquecermos que a melhor forma de cultuá-la é imitá-la na generosidade e no amor a Deus.
24. Concluindo...
“Esta santidade inteiramente singular da qual Maria é enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição lhe vem inteiramente de Cristo [...] Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai a ‘abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo’. Ele a ‘escolheu nele, desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada na sua presença, no amor’” (Catecismo da Igreja Católica, n. 492).
Padre Cristovam Lubel
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